04 abril, 2010

Marruco do Santo

Após meses,
Lá em Itacarambi
Acontecia uma comemoração de rua
Era dia da folclórica “Folia de Santo Reis”.
Novamente, lá estava eu
Bêbado que nem uma cabaça.

Em meio ao bloco dos foliões
Fizeram a oferenda do marruco ao santo,
E me deu uma crise de riso quando ouvi aquele coro em transe gritando:
− Marruco de Santo Reis... Marruco de Santo Reis...

Foi quase que involuntário,
Logo no momento em que todos os foliões ficaram em silêncio
Daquele silêncio forte que até nos faz ouvir os pensamentos
Deu-me uma vontade imensa de sacanear o santo e cantei:
− Amarra o cu do Santo Reis... Amarra o cu do Santo Reis...

Todos me olharam,
Os tocadores, as cantadeiras, as lamparinas, o mestre, o contra-mestre, os reis magos, o palhaço e toda aquela multidão...

Mas ao invés de ser excomungado por todos,
Caíram eles numa gargalhada coletiva
Que imagino ter deixado o santo morto de vergonha,
Mais humilhado que todos aqueles meus perrengues juntos.

Por isso penso
Santo forte faz milagre e até pode fazer vento balançar a roseira
Mas fica miando baixo com veneno de malandro
E até toma rasura em poesia de ateu. 


Por Bibi Serafim

Um comentário:

Larice disse...

esse tipo de poesia só pode brotar de quem já tem conluio com o divino, não é pequeno serafim?!
malandro maravilhoso.