04 abril, 2011

e me deito por alguma razão


Estou com a boca encharcada de uísque vagabundo
Meus pulmões negros queimam estarrecidos na brasa dos palheiros
O clarão do luar mineiro me conduz pelas indecentes portas e ideias imundas
Os meus olhos safados e assimétricos aproximam de outra mulher



Outro bar
Outra conta
Outra casa


Ela tirará a roupa,
Transaremos a noite toda e ela enfim dorme,
Saí à francesa
Entro no carro e me sento sem cinto ao som do Kid Morengueira 
Muito bêbado, chego em casa na maciota e quase devoro o que resta daquela  pizza gelada
Deito e leio a luz de um abajur meio falhado algumas dezenas das páginas malditas de Confissões de um comedor de ópio
Durmo.


Hoje amanheci ainda embriagado
Com a boca cheirando madrugada e pensando o quanto eu te queria
Não queria como aquelas tantas bocas sujas e safadas beijadas a gosto de orgia
Queria seu abraço e sua mão, queria seu beijo e seu amor
Queria esfaquear meu peito com teu sorriso distraído
Fazer meus arrependimentos gritarem à flor da pele com essas minhas recaídas malucas de paixão por você



Desconfio cinicamente de tudo isso
E ela se vai com suas dúvidas
E eu nem tenho mais as minhas
Entre nós existe uma fodida semelhança
Não sabemos entender um não
Nossa maior diferença
Só eu sei que o amor é um cão dos diabos.





PS: Há uma lâmina me irritando e quanto mais aperto, menos me corto. Vejo teu orquidário fechado e nascendo coisas que não sei exatamente o que são. Mas é peculiar e sincera, sempre.


Por Bibi Serafim

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