24 maio, 2010

1967

Aquele silêncio era ensurdecedor
Os segredos que insistiam a nos deixar inquietos
Eram intensas verdades narradas pelos boleros
Dos embriagados cabarés clandestinos.

A vastidão dos dias sóbrios
Das noites mais que pensantes
No ar ingênuo da aurora campesina
Iria perfurmar tardes cruéis nos quintais da mãe gentil.

Vestido de gente
Na terra onde as mãos ainda se encontram desatinadas
Corria eu gritante pelos jardins do fado tropical
Querendo posse da minha renascença
Denegrindo com palavras
O festejo da apatia,
A janta militar.

Falsear o discurso de quem estava a lhe despojar
Era mais que um arranjo,
Foi de fato um ato de liberdade
Mesmo que após o feito
Viria o desfeito de nossa morte.

Por Bibi Serafim

Um comentário:

Amanda disse...

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

e pra gente, o que resta é chorar
tambem.


Amanda