16 setembro, 2009

Vai lá Freud, explica.

Acordei
Em seguida fui treinar o ditado dos tempos verbais
No caso
O verbo ser.
Sentei ao lado da igreja, era perto de tudo
E ainda havia uma praça bacana com carrinho de churros.
Passamos horas rindo atoa, discutindo a importância da instabilidade, do egoísmo, do ateísmo; falamos também sobre a magnitude do ócio produtivo.
Enfim,
Criei o homem seqüela e seus apetrechos
Ele criou o anti-cosmos do verbo estar
Era ele, meu instinto.
E como ave, via o passado dos dias
Dizendo:
_ Para quem, usar de tanta sinceridade?
Entrei em parafusos
Depois,
Não mais rotulei sobre a importância do que é ser, estar; ética.
Não houve motivos nem saco para discutir verdades ou mentiras;
Sobrou apenas a estética para definir os padrões...
Voltei,
Pensando sobre o nada e congelando a cabeça com aquele sorvetinho que havia falado
Re-Parei
O quanto eu era...
E emprestei cinco reais para o brotherzinho levar sua esposa ao hospital mais próximo;
Ela estava grávida.
Sim, foi ele que disse.
Por Bibi Serafim

6 comentários:

Rene Serafim - "Juninho" disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rene Serafim - "Juninho" disse...

Entre o ser e o estar existe o existir.

Diogo Rezende disse...

lindo passeio

Amanda Biasi disse...

que poema gostoso!

Unknown disse...

TODO MUNDO EXPLICA

Não me pergunte por que
Quem-Como-Onde-Qual-Quando-O Que?
Deus, Buda, O tudo, O nada, O ocaso, O cosmo
Como o cosmonauta busca o nada
Seja lá o que for, já é


Não me obrigue a comer
O seu escreveu não leu
Papai nos deu a cabeça
Do Dr. Sigismundo
Porque sem querer cantou de galo
Cada cabeça é um mundo Gismundo
Antes de ler o livro que o guru lhe deu
Você tem que escrever o seu


Chega um ponto que eu sinto que eu pressinto
Lá dentro, não do corpo, mas lá dentro-fora
No coração e no sol, no meu peito eu sinto
Na estrela, na testa, eu farejo em todo o universo
Que eu estou vivo
Que eu estou vivo, vivo, vivo, vivo como uma rocha
E eu não pergunto
Hoje sei que a vida não é uma resposta
E se eu aconteço se deve ao fato de eu
simplesmente ser
Se deve ao fato de eu simplesmente ser


Mas todo mundo explica
Explica, Freud, o padre explica, Krishnamurti tá
vendendo
A explicação na livraria, que lhe faz a prestação
Que tem Platão que explica tudo tão bem vai lá que
Todo mundo explica
protestante, o auto-falante, o zen-budismo,
Brahma, Skol
Capitalismo oculta um cofre de fá, fé, fi, finalismo
Hare Krishna, e dando a dica enquanto aquele
papagaio
Curupaca e implica
Com o carimbo positivo da ciência que aprova
e classifica

Artista: Raul Seixas
Album: Mata Virgem
O que é que a ciência tem?
Tem lápis de calcular
Que é mais que a ciência tem?
Borracha prá depois apagar
Você já foi ao espelho, nego?
Não?
Então vá!

Unknown disse...

Carlos Drummond Andrade

Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.