um
lindo homem disse que é preciso desenrolar a arte cavalheiresca do arqueiro
zen, parar tudo e esquecer o que aprendi. na hora certa lembrarei
irmãozinho, depois de tantos anos transando a vida, varando dias
e noites capinando as ideias e compondo novos corpos, você queria mesmo me
enquadrar num diploma e fazer a sinceridade das minhas cores serem abafadas numa
ridícula beca preta?
deixemos
isso para os cordeiros, mandarei essa
galera toda ter mais coragem para inventar suas próprias danças e formaturas
aliás,
essas letras sorridentes e musculosas precisaram de muito atletismo afetivo
para cair na estrada. o arremate demorou o tempo necessário para um ariano
curioso, sete anos de presença
depois?
de
repente, nunca vou saber, nem ninguém. é preciso suportar o mistério e
experimentar cada tristeza ou alegria na duração de uma caminhada. vou sentar outra
vez com os xamãs, militantes, orixás, filósofos, artistas e malucos; ascender
um incenso e deixar rolar outras viagens
chega de territórios, a pele vai suar
arrepiando na direção do destino, seguindo o sopro e amando cada oportunidade
como se fosse repetir para sempre e da mesmíssima forma. uma forma de nunca
saber o quanto tudo será diferente
agora
quero apenas um festejo farto, uma bela despedida de amor, mas de amor sem
fama, sem foto botox, citações, igrejinhas ou qualquer outra coisa cara e de
sempre
dos
psicólogos e amigos agradeço aos que me saquearam o eu e deixaram os nós. finalmente
descobri que desejo não existe apenas na falta, que as invenções não são apenas
mentiras, que o pensamento é apenas uma das provocações do corpo e que este "não é mais que uma coletividade de numerosas almas".
aprendi,
fora da aula, a escutar humildemente os irmãos dessa vida tirana e adoecida. é por eles
que continuo a estudar e ralar na psicologia
vou aprendendo a ter o fim
como aliado
fui,
beijinhos
Por Bibi Serafim/ foto de Yuji Kodato
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