13 março, 2011

Tão esperada,

A boca da noite não usa dentadura
Rasga-te e engole feito cobra
Arranja e varre sonhos como furacão
Perdoa inimigos e devasta paixões
Deita serena nos ajustados
E queima como fogo nos boêmios
Nela mora os filhos do silêncio, embora seja a mãe da malandragem
Não há neste caminho só o brilho do luar, esconde belas confissões carnais
Se perde como folhas de outono na embriaguez dos corações avassalados
Tamanha aflição seja sua sinceridade, sua nudez profana escancarada e crua
Carregando em sua profundeza o sorriso dos abastados e os dissabores dos marginais
Encarna enfim seu delírio em cada ser que nela freqüenta e intensamente vive
Dona das estrelas dos estupros do prazer do amor da solidão e dos poetas
Não aqueles poetas dos poemas que se lascam na obsessão estética, mas fatalmente os que ardem pela vida e nela garimpa poesia
E choram feito crianças quando aqueles raios de ouro iluminam seus cascos
Traindo suas verdadeiras paixões ao chamado do relógio que toma seu posto outra vez

Nela caso e me redimo
Sou tua transa e teu filho, madrugada.

  
Por Bibi Serafim
  

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