03 junho, 2009

Acontece


Ali onde a alvorada nasce mais gelada
Tem o consolo de seu corpo no cheiro eterno
E moram as imensas imagens da minha praça
Meu quintal.
Onde o afago da matina pensa sozinho
E as jabuticabas nunca mais te vêem
Onde sua sedução infiel
Junto às portas que ficaram abertas
Ainda a engasgar o quarto de cima
Deixando os hábitos se divertirem
Por anéis enferrujados
Com cartas infinitas
E retratos nostálgicos.

São as últimas poltronas que perderam o motivo da explicação
E foram as composições épicas que deixaram de fazer música
Nos domingos que ganharam o direito à solidão
De esquinas que raramente foram visitadas
Por sorvetes, clubes, famílias e igrejas.

Aliás,
Bem mais sutil que um contratempo
Sem tanta melancolia
Queria apenas não desaparecer
Já é tarde
Acontece.




Por Bibi Serafim

3 comentários:

meninadosolhos disse...

"Sou extremamnete sincero com a poesia invento a cada momento uma verdade vadia." Aroldo Pereira

fdp!
acontece.
: * *

meninadosolhos disse...

Desmontar
a casa e o amor.

Despregar
os sentimentos das paredes e lençóis.
Recolher
as cortinas após a tempestade
das conversas.

O amor não resistiu
as balas, pragas, flores
e corpos de intermeio.

O amor ruiu
etem pressa de ir embora
envergonhado.

Juninho Serafim disse...

Vou falar igual a Fernanda... vc é um Fdp escrevendo essas poesias, rsrsrsrs...